quarta-feira, 30 de julho de 2008

Diamantina

Viagem longa e cansativa. Enquanto houve sol pude ver os campos que margeiam a rodovia e a pobreza dos que vivem da pobreza que passa nos caminhoes e onibus. Uma melancolia azul me acompanha com se fosse uma nuvem comprida. Dormi um pouco, li uns capitulos do livro do Matt Dickinson, parada em Curvelo para comer pao-de-queijo de verdade e leite quente, mais duas horas de viagem ate a Diamantina. Diamantina é uma cidade de trzentos anos, fico pensando na legiao de almas que desencarnou ao longo do tempo e ficou acampada ao redor da cidade (porque la dentro os fantasmas nao consentem com as luzes e o barulho). Almas purgando aa espera, algumas dormindo, outras compenetradas em seu silencio secular, outras agindo como se estivessem pateticamente vivas. Da janela do onibus da pra ver as vezes, quando o farol se alonga no campo, as rochas claras da serra de diamantina. Penso na alma do meu avo atravessando a chuva na serra de diamantina, montando seu cavalo chucro, o chapeu pesado caindo na frente do rosto, em direcao aa Gouveia. Vai aa casa do compadre Mane, decerto, casa que nao existe mais. O velho Canabrava ainda deve ser moço nesse tempo paralelo e faz o chucro circular infinitamente na chuva eterna, rastreando a casa do compadre Mane da Gouveia. No pontilhao de Biri-Biri minhas primas acenam vestidas em seus maios setentoes, atentas ao barulho do trem que nao passa mais. Nao digam a minha mae que voces me viram aqui. Amanha vou subir pro Serro Frio, primas, nao e a cavalo nao, mas é como se fosse.

Um comentário:

André disse...

Cara,
Se eu não conhecesse vc diría que vc para um biker é um excelente poeta.
Ficou muito bom esta retratação recordando-se do passado e trazendo à tona momentos como estes.

Sucesso!