quinta-feira, 31 de julho de 2008

Milho Verde - Quinta-Feira - 31/07/08 - 17h



Dormi muito bem em Diamantina, apesar do frio intenso. O quarto era quente e havia dois cobertores. Cafe as 7, leite quente, pao, manteiga, banana e mamao. Na hora de botar a bike na estrada os dois pneus estavam vazios. Mas eu tinha enchido ontem, na rodoviaria!? Bombei os dois pneus e subi um morro grande em direcao ao palacio episcopal. Depois fui tomando informacao com um e outro ate cair na estrada de terra. Eram 8:30 e a meta era chegar no Serro - mal sabia io que estava por vir. A estrada e larga e bem sinalixpzada com os marcos da ER. Mas tem muita areia e costelas que dificultam a pedalada. Na primeira ponte o pneu traseiro esvaziou de novo. Enchi e notei um easgo na lateral do pneu. Este pneu tem 8 anos, ja era tempo. Subi mais um pouco e quando o pneu esvaziou novamente resolvi consertar. Tirei a bagagem, a roda traseira, o pneu, remendei o furo na camara, fiz um manchao com um pedaco de plastico preto dobrado em 8 e montei tudo de novo. Perdi uma hora. Depois subi e desci muito ate chegar em Vau, um ligarejo de umas vinte casinhas sem nem uma venda. Tava com muita fome e sede, ja eram 11:30. Parei numa especie de carmanchao que tem no meio da vila pra comer rapadura com agua. Um rapaz me disse que eram 6 km de subida, mas nao explicou direito. Saindo de Vau, antes da ponte do Rio Jequitinhonha a corrente partiu. Voltei um pouco ate achar uma sombra no sol do meio-dia e remendei a corrente (santa chavinha de corrente, ja me salvou de quantas?!). De novo na estrada subindo com muita cautela e rezando um mantra pra corrente nao quebrar de novo. Na descida para o Jequi vi muitas criancas subindo na direcao contraria em direcao a Vau com pesadas mochilas e livros escolares. Pensei que se eu fosse rico comprava um onibus escolar pra eles nao terem de torrar neste sol pra frequentar as aulas. Desci ate o rio, muita pedra solta e areiao. Na subida o medo da corrente partir. Na descida o medo do pneu rasgar. Pouco antes da ponte vi o onibus dos meninos quebrado. Ja nao preciso ficar tao rico. Do rio Jequitunhonha ate Sao Goncalo do Rio das Pedras (um quase lugar) sao 6 km da subida mais infernal que existe. Tive que descansar e empurrar as vezes. Cheguei no lugarejo quase duas da tarde, muito cansado - estou muito fora de forma. Achei uma venda dessas que tem tudo. O Diogo, filho do dono da venda tem uma borracharia (naquele lugar) e vende pneu de bicicleta. Comprei o unico modelo que ele tinha um fininho que so era melhor que o meu porque apareceram mais dois rasgos! Troquei o pneu, tomei uma coca e parti. Passei por um argentino e uma garota em duas bikes muito carregadas. Como ele conseguiram subir aquele morro? fico me perguntando ate agora. Ele me disse que ia dormir em Sao Goncalo, eu me mandei pra Milho Verde. Sete quilometros com subidas leves, tudo tranquilo ate que na entrada da cidade a camara de ar traseira explodiu. Eram 2:40 da tarde, dava pra chegar no Serro se nao fosse tanto azer. Parei numa loja de bikes e o Tiago nao tinha camara com bico fino - o tipo da minha. O jeito foi botar a minha unica camara reserva e fazer uma novena para nao ter mais problemas na estrada. Trocamos ideias sobre o pneu que eu comprara em Sao Goncalo e concluimos que ele fizera a camara estourar. Muito fino, borracha muito ruim. Acabei negociando o pneu com ele e comprei outro, mais grosso e adequado a pedreira deste trecho. Acaboi era, 3:40, desisti de ir pro Serro porque se tuddo corresse bem eu chegaria no comeco da noite. Hoje nao é um dias em que as coisas correm bem, preferi nao dar chance ao azar e vou dormir em Milho Verde. A pousada da D Lourdes tem um quarto pequeno mas confortavel. R$ 25 com jantar no fogo de lenha, sem balanca - hj eu como um quilo e meio. Amanha saio cedo pra chegar em Conceicao do Mato Dentro. Serao 82 km de costela e areia. Hj fiz media de 10,7 km/h, 4h de pneu rolando, 44,1 km.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Ultimo post de Diamantina - Quarta Feira - 30/07/08 - 22h


O onibus chegou pontualmente as 20:30h. A rodoviaria é minima, um arraial de rodoviaria. Montar a bike foi bem mais simples do que pensava. Um carinha que fez a ER a pe no ano passado se aproximou puxando papo. Me eeu dicas importantes como por exemplo o dono da unica pousada de Cocais nao gosta de receber gente muito suja sem reserva. Preciso ligar e fazer uma reserva, hein! Depois de montada a bile desci umas ladeiras imensas, parecia que nao ia ter fim ate que cheguei na Pousada Serrana em que o Jeremias me atendeu cordialmente. Nada de pedir 10 reais...: muito boa a pousada e com otimo atendimento por 40 reais a pernoite com cafe. Amanha saio as 7:30.

Diamantina

Viagem longa e cansativa. Enquanto houve sol pude ver os campos que margeiam a rodovia e a pobreza dos que vivem da pobreza que passa nos caminhoes e onibus. Uma melancolia azul me acompanha com se fosse uma nuvem comprida. Dormi um pouco, li uns capitulos do livro do Matt Dickinson, parada em Curvelo para comer pao-de-queijo de verdade e leite quente, mais duas horas de viagem ate a Diamantina. Diamantina é uma cidade de trzentos anos, fico pensando na legiao de almas que desencarnou ao longo do tempo e ficou acampada ao redor da cidade (porque la dentro os fantasmas nao consentem com as luzes e o barulho). Almas purgando aa espera, algumas dormindo, outras compenetradas em seu silencio secular, outras agindo como se estivessem pateticamente vivas. Da janela do onibus da pra ver as vezes, quando o farol se alonga no campo, as rochas claras da serra de diamantina. Penso na alma do meu avo atravessando a chuva na serra de diamantina, montando seu cavalo chucro, o chapeu pesado caindo na frente do rosto, em direcao aa Gouveia. Vai aa casa do compadre Mane, decerto, casa que nao existe mais. O velho Canabrava ainda deve ser moço nesse tempo paralelo e faz o chucro circular infinitamente na chuva eterna, rastreando a casa do compadre Mane da Gouveia. No pontilhao de Biri-Biri minhas primas acenam vestidas em seus maios setentoes, atentas ao barulho do trem que nao passa mais. Nao digam a minha mae que voces me viram aqui. Amanha vou subir pro Serro Frio, primas, nao e a cavalo nao, mas é como se fosse.

Rodoviaria de BH 30/07/08 - 15h

Cheguei cedo pq as coisas sairam meio tortas nos ultimos dias. Foi preciso improvisae e ter paciencia com as pessoas que se oferecem pra ajudar e cobram 10 reais!! Antigamente... Enfim! A viagem ate Diamantina deve durar 5 horas. O plano eh montar a bike na rodoviaria e ir pedalando ate a pousada do jeremias. Nome biblico. Segundo um conhecido meu, um dos quatro cavaleiros do apocalipse. espero dormir e deixar no sono a cara de terca=feira. Amanha estaremos livres, on the road! )